domingo, maio 24, 2009

Não Sabemos Se Há Mais Alguém Que Exponha Cromos Do Fafe Na I Divisão…

… mas se houver, com certeza que não estará a passar um bom bocado e, com alguma sorte, já deve estar a caminho das urgências de um hospital qualquer, onde será bem tratadinho com uma daquelas camisinhas brancas com umas fivelas e uns braços muito compridos que se aconchegam muito bem ao corpo.

Por isso, resolvemos fazer História. E como se faz História? É muito simples - é só fazer isto:

E pronto, já fizemos História, prestando homenagem à História, revelando o que hoje parece impensável, mas que aconteceu realmente há coisa de vinte anos atrás. É muito fácil e recomendamos vivamente para que experimentem fazer História também nas vossas casas, afastando em primeiro lugar todos os móveis para não haver chatices.

Mas depois disseram-nos “eh pá, isso só não basta, queremos discutir alguns casos particulares” e nós dissemos-lhes “devem estar a brincar, hoje é o Domingo em que acaba o campeonato e a nossa vida não é esta” e eles responderam-nos “vá lá, façam-nos esse Saganowski” e nós a insistir “não, nem por dois Basaúlas” e eles “vá lá, só um Pingo” e nós “então está bem, mas só desta vez”.
Então fiquem lá com o Grosso. Não é o Fábio italiano, mas o portuguesíssimo Grosso. Grosso foi um dos mistérios mais bem guardados do futebol português. À primeira vista, parece um central anónimo, igual a tantos outros Lemos dos nossos relvados. Mas depois de uma análise um pouco mais cuidada, ou seja, lendo bem o nome dele, ficamos logo com uma série de dúvidas. Ou melhor, apenas com uma: que raio, porque é que ele era (e é) Grosso?
Várias hipóteses se arremessaram para cima da mesa, derrubando o pires de tremoços e fazendo tremer a mini, criando aquela espuma incómoda que sabe mal:


- Seria pelo facto de ser um tipo assim a atirar para o gordo? Não parece, o Grosso até tem um aspecto elegante;
- Seria pelo facto de ser um tipo de maneiras rudes, pontapé para o quintal e cuspidelas na cara do avançado? Não cremos, porque temos a ideia que Grosso era um central de fino recorte;
- Seria pelo facto de ter um vozeirão tipo trovão que impõe respeito a um pelotão de fuzileiros? Não se nos afigura como provável, dado que Grosso possuía uma voz ali entre o Ricardo com cólicas e o Popas da Rua Sésamo;
- Seria pelo facto de granjear imenso respeito no(s) seio(s) da comunidade feminina, que dizia à boca cheia “aquele gajo… eh pá, aquele gajo é muita grosso! Ui, qual Tom Cruise qual quê, aquele central é que é mesmo grosso”! Pode ser, quem sabe, vá lá alguém entender as mulheres;
- Seria pelo facto de possuir alguma parte corporal um pouco mais robusta que a maioria dos mortais? Estou a pensar numa protuberância corporal qualquer, sei lá… por exemplo, o nariz. Pois, o nariz. Seria que era pelo facto de ter o nariz grosso? E, conjugando esta hipótese com a anterior, seria isso que levava as mulheres ao delírio? Quem diz o nariz diz as pernas ou outra coisa qualquer, é preciso é imaginação.


Ninguém sabe a resposta ao certo. Grosso ainda hoje é um grande ponto de interrogação e tema tabu nas tertúlias fafenses, que omitem voluntariamente o dossier Grosso dos seus convívios. Fala-se em Grosso e as pessoas começam a tossir, voltam as costas, fecham-se as portas e as janelas, ninguém sabe nada, ninguém viu nada, é um verdadeiro pacto de silêncio que impede esta questão de ser resolvida a contento.

E como somos uns tipos que até nos achamos porreiros, decidimos presentear a nossa fiel massa associativa com mais dois brindes que certamente lhe encherão as medidas: dois bigodes do antigamente, dois orgulhosos registos de virilidade desportiva.
Então com licença e cá vai um José Albano:

Não é preciso dizer muito, só acrescentar que este foi um goleador do povo, o pão que encheu as bocas das equipas secundárias e que viveu uma relação conturbada com o estrelato, sentindo-se apenas um verdadeiro peixe nas águas inquinadas desse grande pântano que era a II Divisão. Definindo José Albano em termos musicais, podemos dizer que ele nunca foi artista para os grandes palcos mas sim o indie rocker definitivo, aquele que sempre gravou álbuns magistrais em estúdios obscuros e por quantias irrisórias.

Para finalizar, desviem aí os cotovelos, arranjem só mais um espacinho para colocar este Quim:

Bem, aqui nem é preciso dizer nada. Chama-se Quim e ostenta um garboso bigode. Agora já sabem quem foi a verdadeira musa do Quim Barreiros.

Já todos vimos bicicletas a andar em cima de porcos. É banal. Agora podem dizer que já viram cromos do Fafe na I Divisão. Isto sim, já é qualquer coisa.

sexta-feira, maio 22, 2009

Bafode Watch - Abril


Estou bafodido de facto.. porque Bafode Carvalho lesionou-se neste fim de época.. juntando-se assim a Mantorras nas 1000 corridas que já deu à volta do relvado.
Em Abril, Bafode despediu-se desta época, ao actuar pela primeira vez como titular!!!

Foi a 5 de Abril, contra o Gondomar, na terra do Major Valentim. Agora vemos Bafode Carvalho a sair de jogo e não a entrar aos 75/80 minutos. Saiu aos 65, no jogo em que o Gondomar bateu o Estoril por 3-0!! A lesão traiu a recuperação no resultado com a ajuda de Bafode do Carvalho.

A partir desse momento, Estoril não teve mais Praia, o Estádio não teve mais Amoreira, e o Amarelo e Azul passou a verde e lilás...

Boa sorte Bafode para a próxima época.
We will be watching youuu!!!!

quinta-feira, maio 21, 2009

Pollnito


Após 236 votos de amantes da bola e/ou cibernautas confusos, a comissão de Cromos da Bola, SAD decidiu fechar a Pollga para lateral-esquerdo.
A bem da democracia blogosférica, aproveitámos ainda a reunião para aumentar os ordenados da administração em 125% e proibir rissóis de camarão em futuras confraternizações.

Assim, e sem mais delongas, apresentamo-vos a nova contratação do nosso desajeitado plantel: o anti-camaleónico Nito, Rei das Cadernetas Panini da década transacta.


Damos desta forma as boas vindas ao macambúzio lateral e ao seu habitual esgar de desprezo pela humanidade em geral, e pelos vendedores de pipocas em particular.

Para trás ficaram símbolos do calibre de Escalona, essa cartolina vermelha com duas pernas e um penteado sul-americano, bem como Quim Berto e Rojas, terceiros classificados ex-acquo. Uma plétora canhota de inutilidade deslizante sobre o verde quadrângulo, qual lodo representativo de uma mistela sem talento.

Porém, estamos felizes. Esta nova aquisição traz velocidade, acutilância, desprezo, e uma imutável expressão facial ao flanco esquerdo da equipa, onde o rústico bombardeiro Formoso já pode contar com uma muleta de eleição.

E a Nito, amigo, novo camarada, irmão de armas e sorrisos a meia haste, agradecemos-te: um Bem-Haja pela muleta.

quinta-feira, maio 14, 2009

Chamar a Música, Parte I

O futebol é viveiro das mais variadas estirpes cromáticas, dando a conhecer ao Mundo características de determinadas personalidades que de outra forma estariam enterradas debaixo de uma pedra.
Exemplos há aos pontapés, desde às extraordinárias capacidades de actor de Luís Figo, ao sucesso de João Moutinho como empresário, até às revelações de Romicha e Chipenda como poetas, ou de Petar Mitharski como estofador de reconhecido gabarito.

Porém, estamos aqui hoje para falar de música. A música, tal como um drible de Ali El Omari, existe para nos ofertar momentos de êxtase, para nos reconfortar, envolver num doce abraço ou mesmo como forma de dar a volta à cabeça de uma jovem fêmea, embalada pelo canto romântico de um qualquer Clemente. Há mesmo quem diga que o canto musical é uma forma de engate mais eficaz que a cerveja ou que o visionamento do Sérgio Lavos a projectar muco para o relvado num Domingo à tarde.

Como tal, apresentamo-vos os futebolistas mais melódicos do panorama cromístico nacional, e suas infames desventuras no Mundo da K7 pirata e maxi-single da feira.

Respeitando a venerada ordem cronológica, iniciamos a nossa demanda por Itália, carismático País de inusitada formosura arquitectónica, de saboroso arrojo gastronómico e de Emanuele Pesaresi.

Corria o ano de 1981 (ainda faltavam 9 para o nascimento do messias Jonathan Matías Urretavizcaya da Luz) e na localidade de Avellino brilhava intensamente um diminuto avançado brasileiro, explosivo no arranque e de sorriso fácil no rosto. Dava pelo nome de Juary Filho e iria um dia escrever pela sua pena uma bela página do futebol europeu e mundial.

Mas primeiro, o cataclismo.





















Famoso pelos números de samba que realizava em torno das bandeirolas de canto depois de molhar o feijão na tapioca, o veloz Jotinha cultivou uma pequena horde de fãs. Um deles teve a infeliz ideia de lhe dar um microfone para a mão direita, uma pandeireta para a mão esquerda, e um artista gráfico presumivelmente amblíope para desenhar (?) este quadradinho de prazer que aqui vêem.
Juntem-lhe uma fotografia representativa de um Juary a berrar aos sete ventos "Tenho prisão de ventre!", e temos a receita macabra que resultou em "Sará Cosi", álbum também conhecido como "a primeira incursão do samba italiano pelas amargas vielas da depressão profunda".

Podem adquiri-lo por 15€ no Ebay. Eu não esperava nem mais um segundo, mas cada um sabe de si.

Linda de Suza não ficou famosa pelos seus dotes futebolísticos (ainda que Teolinda Joaquina - o seu nome de nascença - rivalizasse com um qualquer Rúben Micael deste Mundo), mas decidimos incluir a mademoiselle luso-francesa nestas infames desventuras do casamento melódico-cautchú.















Em 1987 (3 anos antes do nascimento do messias Jonathan Matías Urretavizcaya da Luz) vivia-se a loucura gerada em torno do genial astro argentino Diego Armando. Sendo uma astuta mulher de negócios, Teolinda decidiu elaborar uma receita que a levaria a patamares até então só ocupados por Amália Rodrigues. Era certinho: pegar na fama galopante da hiperactiva cantora de voz cristalina e adicionar-lhe o renome e proveito do melhor futebolista do Mundo.
Hm. Se calhar não era assim tão certo. O resultado final foi uma amálgama sonora tão estrambólica e desconfortável quanto um romântico beijo entre a Zita Seabra e o Vital Moreira num congresso do Partido Comunista.

Porém, Teolinda, com a sagacidade e tenacidade que a caracterizavam, não se deu por derrotada. Planeou cuidadosamente o regresso à ribalta, num cirúrgico remake que iria fazer o seu primeiro "casamento" com o esférico cair no esquecimento. No ano da graça de 1994, a chanteuse faria o seu retumbante retour às costas de um insigne joueur de foot, e obter a sua révanche perante o público luso-francês. Para tal, a nossa Suza decidiu seleccionar um indivíduo que fosse representativo de características comuns à própria baladeira e ao 10 argentino:
Rui Esteves.

Descrito por mais do que uma vez como um "Maradona contrafeito", este loiro elfo dos relvados carregaria a sua valise en carton por 11 clubes ao longo da sua carreira como profissional, cotando-se como um emigrante de luxo em Países como Inglaterra, Coreia, Allgarve e China, bem à imagem da cantatrice que o tomou como Musa.

Infelizmente, esta parceria correu tão bem quanto a primeira, arrastando Teolinda de Suza para uma precoce decadência e precipitando o final de sua carreira como a Tony Carreira feminina. Esteves, que destrocava futebol a alto nível no Sado antes desta aventura extra-futebol, recebeu o mais letal beijo da morte que um futebolista poderia almejar: uma transferência para o Benfica de Artur Jorge.

Não foi, com toda a certeza, o final feliz que todos desejariam, mas de uma coisa podemos ter a certeza. O vencedor não foi a música.

Iremos postar mais álbuns de referência musical-futeboleira em breve. Stay tuned.

domingo, maio 10, 2009

Sábias Palavras

Há médios que são comparados ao Maradona. E depois há médios que são comparados a electrodomésticos. Por exemplo, um micro-ondas. Hã, Dill, que tal? Os camones falavam muito dele. “Do we have a deal?”, perguntavam-lhe, “Yes, you have a Dill”, respondia-lhes de pronto. Dill é aquele tipo de pessoas que não vos deixará ficar mal.
Moses, ou a gana do monstro do Gana. Um paquiderme destrambelhado na área. Se não são atropelados pela força, são devastados pelo terror. Não há tempo para preliminares, é entrar a rebentar. O acto mais carinhoso que Moses conhece é oferecer uma gazela decepada ao treinador-adjunto. Não, não é um comboio sem travão – é Moses, a besta de carvão.
Há tudo. Faz tudo. Você quer? Orestes tem. Você precisa? Orestes diz que sim. Não há meios para os fins. Canela, bola, cotovelo, apalpão, é o que estiver à mão. Com licença. Sem licença. Serviço eficiente e personalizado que nem sequer passa recibo verde. “Multifuncional”, é o que é. Não confundir com “disfuncional”, por favor.
La Paglia é um ser lactente. Um mamão inveterado que transportou esta característica para dentro do campo, comportando-se a preceito: à mama, chorando pela bola, encharcando as fraldas ao primeiro toque, cercado no seu pequeno berço por uma míriade de adversários. La Paglia era um tipo no mínimo curioso. Um talento que andou aos gugu-dadás, com medo do escuro. E este é o pedaço de trivia que faltava a Gabriel Alves.

sábado, maio 02, 2009

Peña Fidel

Penafiel, 1989. A equipa da terra dos irmãos Oliveira fulgurava na Iª Divisão com os seus equipamentos rubro-negros patrocinados pelos pneus Continental. Um patrocínio ajustado: com efeito, as estrelas penafidelenses dessa época provinham dos mais variados continentes, inspiraram gerações de amantes do futebol por todos os continentes e faziam as compras no então novel Continente (obtendo sucessivos descontos em cartão).

Bio, da África Ocidental, era o esteio defensivo que iluminava todo o espaço desde a sua baliza até ao meio-campo, uma zona designada por Biosfera. O seu manancial de cortes e antecipações era tão alargado que até se inventou um termo para as soluções defensivas propiciadas por Bio: a Biodiversidade. Deixou uma legião de seguidores no Estádio 25 de Abril, que constituíram uma vertente da ciência especificamente dedicada ao estudo das suas qualidades defensivas: a Biologia. Foi percursor das Biografias, antologias relativas a personalidades marcantes. E quando se afastou do seu apogeu, entrou na era Biodegradável.

Nilson, por seu turno, tinha um aspecto asiático, mas na verdade era brasileiro. Era defesa, mas a caderneta pensava que era avançado. Ou seja, Nilson confundiu quem estava à sua volta, menos o seu treinador, que amiúde, e para não correr riscos, deixava-o no banco. Viveu à sombra de Bio e das suas próprias orelhas, que o dispensavam de usar qualquer sombrero nas tardes de maior canícula. Possuía uma dentição própria de quem subiu a pulso na vida, mascando cartilagens de animais amazónicos e canas-de-açúcar ao pequeno-almoço.

Na intermediária, o brasileiríssimo Zinho emprestava uma qualidade gourmet ao jogo directo dos penafidelenses. Ele fazia tudo com muito requinte. Zinho não despachava balões em profundidade, fazia passeZinhos recheados de mel. Não corria quilómetros, corria apenas um bocaditoZinho, o suficiente para recuperar a bola apenas com um esforçoZinho. O jogo de Zinho desenvolvia-se num pequeno espaçoZinho e ele gostava de cobrar livreZinhos directos com efeitos de folhas secaZinhas. Tão secaZinhas que os guarda-redes contrários facilmente adivinhavam onde cairia o esférico. “PobreZinho”, desesperavam os adeptos.

Na frente, o furacão paraguaio Amâncio. Amâncio era veneno para as defesas contrárias e um verdadeiro patife da área, algo que, aliás, deriva do seu cabelo decalcado do Átila do "Duarte & Companhia" (no link, podem ver Amâncio e o seu camarada de armas Borges). Amâncio aprendeu a ser letal com os seus parentes índios mas nunca fumou cachimbos da paz. Não; Amâncio estava sempre pelejando contra as defensivas oponentes e coleccionou vários assaltos aos autocarros e comboios que se estacionavam junto às grandes áreas adversárias. Abanou redes por todo o país e muitos ofereceram recompensas para o travar, morto ou vivo, mas sempre em vão.

Por falar em “vão”, eis Djão, moçambicano com cartel em Portugal durante os anos 80. Djão era o vinagre que temperava as belas saladas de Amâncio, constituindo este par a dupla que mais alimentou a fome de golos duriense. Reclamou para si muitos dos méritos ofensivos do Penafiel de então. Dizia, ufano, “este golo teve os marca dos João”, que era o seu verdadeiro nome. Disse “do João” tantas vezes e com tanta insistência que Djão acabou por se tornar o seu nome de guerra. Djamais visto parado no último terço ofensivo, Djão esteve a um passo de alcançar voos maiores na sua prolífera carreira, mas dizem que provocava mau ambiente nos balneários. Tudo porque, alegadamente, libertava gases fétidos capazes de desmoralizar todo o plantel. Djão desculpava-se: “Os culpa não é meu, os culpa é dos feiDjão que comi ao almoço”.

E por fim, o portuguesíssimo Tó Portela. Tó Portela não acalentava esperanças desmedidas, contentava-se em passear pelo país e em testar os bancos de suplentes aos Domingos. Como se pode ver, Tó Portela dispensava calções; ia logo de calças em direcção ao banco e esperava tranquilamente pelo final do jogo. Quando aquecia era sinal que alguma coisa estava mesmo mal. Em jeito de balanço, Tó Portela sente-se bastante orgulhoso da sua carreira, pois foi-lhe reconhecido o seu jeito único para percorrer os metros que separavam o balneário do banco de suplentes. Protagonizar esta aparentemente simples acção com o savoir-faire de Tó Portela não é para qualquer um.
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